quinta-feira, 7 de junho de 2012

Partir

Me lembro de tentar se feliz em teus braços. Lembro de tentar esbanjar o gosto do teu corpo, queria sublimar todos meus arroubos, apenas violentei minha vontade em te querer. Pudera tudo poder dentro de ti. Quisera inventar uma poção pra amar, desejei viver de puro ardor, mais não cabia nesta humana idade em torpor. Meus amigos cumpriram ideais, felicitei-os diante minha agonia de não poder ser mais. O pão o vinho e o frio na alma. Meu anel agora de aço tocando a lápide e todos psicotrópicos não bastaram pra te esquecer. Caminhando ao lado de inimigos ouço uma musica suave. Até que tudo se acabe tentarei ser de alguém, sim, alguém sem nome nem endereço,alguém que viva numa fazenda distante junto aos cães e muito mato. Vou continuar declamando aquele poeta maldito, cruzando a linha do infinito pra ver este novo cristo. Fuja de mim pois sou louca derrota e não suporto suas perfeições na existência. Aos suicidários do tempo pervertido pela boa nova. Minha idade não cabe neste mundo. Continue rindo das minhas desditas eu piso na elegia criada pelos sábios. Saberá que a embriaguez liberta a alma da fatura terrena. Mesmo que meu filho não seja pródigo, quis a verdade, mesmo que meu fim não seja lógico, vi o mundo sob várias asas! A primeira mulher viu, estava a seus pés e mesmo que minhas palavras não façam sentido, vejo buracos que são preenchidos. Meus vizinhos murmuram em meus ouvidos, ninguém está a salvo da fúria santa. Olhe pela janela e tente escapar do horizonte, embarque nas lições severas pra disfarçar a dor, pode ter uma saída, é fujir para um país inabitado onde os animais te suprirão muito mais despertado da ilusão sonhada, acredite no seu desespero ele te proverá, náufrago de toda as vozes entorpecidas, carrego um destino que já foi nobre. Apenas quero saber se tudo que vive é escolha, pra entender que os humanos apostam no tempo é preciso vociferar contra o vento. Despeço-me da voz da dor pra encarar um louco de amor. Por onde anda minha Diva enluarada, te imagino num cotidiano simples, ontem você foi minha primeira estocada. Não sei rimar esse momento que dizem ser valioso, este presente que tantos adornam. Vejo a certeza na aurora e o suplicio no crepúsculo. Esse vinho barato que emburrece é o amanhã é o dia de enfrentar os deuses, clamar a eles uma existência futura. Tente aquecer seus olhos numa fornalha ou pague para uma puta lambê-los. Você que lê minha ira grite comigo, sua coragem em devorar traz "alegrias brutas". Tão longas são minhas palavras como posso explicar... Tão breve meus sonhos nesta terra como posso exclamar! Beijo meu fim eterno supurando meu próprio credo, corre e chama teu redentor pra me salvar de todo esse temor. Aos que partiram férteis pra jornadas desconhecidas, devoto um sincero aceno de amor, pois o veneno da serpente é licor para um corpo estuporado. Pouco pontuo e nada separo, apenas falo através deste faro, talvez seja meus sentidos se esvaindo e apenas isso me cala.

Um comentário:

Larissa Marques - LM@rq disse...

é bom observar seu crescimento, sementes foram lançadas ao vento e olhar a palavra vertendo assim de você é algo de beleza cortante.
lindo, meu querido, lindo!