quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Cadáver
Nada a dizer agora.
E eu que tinha tudo para falar.
Vou admirado !
Em mim nada se perdeu, nenhum erro!
Até mesmo tu pintou o meu cadáver.
De tudo aquilo que não se tem é preciso passar além.
Beijos no seu coração dourado, ou talvez de cobre.
Sorrisos vão sorrisos vem.
A existência é o nada, o tudo, o enfim.
O ideal é lusco-fusco.
Só as flores são belas!
Nem o nada resiste ao tempo.
Não petrificarei seu gozo.
O erguerei na sombra da madrugada
em um outro corpo latente, silente!
A nau dos insensatos,
aguarda seu próximo passageiro.
Não posso diante da recusa,
pois sei, somos repletos do existir.
Tomara que o meu avesso,
reverbere seu ardor, no seu grande amor!
O espelho dos nossos olhos?
Mais é o agora que diz muito mais que o "lindo romântico".
A culpa é toda do Platão,
ele não abarcou o mundo além dele.
Não existe amor nas cidades habitadas por gentes indistintas.
A sombra trêmula do próximo amante implora por mais um toque!
Um palhaço na rua ergue uma falsa flor,
e abre uma porta pra lugar nenhum.
Mais porque temer?
Nunca fomos nada.
É melhor rir descompassado como aquele homem, sentado na primeira fila.
Ele sabe que a decepção humana é piada para os Deuses no Olimpo.
Tudo bem , tudo mal , esta manhã comprei o jornal.
Nenhuma notícia só o mundo acabando.
Cansei de toda essa sandice.
Calçarei minhas botas cansadas e nu vou caminhar até minha amante tão sonhada.
A terra a me devorar e os bichos a me cavar.
E em outra esfera habitada por seres da mesma natureza que a minha vamos pairar.
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